quinta-feira, 23 de julho de 2009

Coisas de biografias

* Marcos Bas

Observar o dia a dia, os fatos que rolam e suas interligações, alterna momentos de criatividade com momentos de verdadeiro enjoo para quem escreve ou até para quem lê.

Todavia, quem pode ficar quieto diante de mais uma “crise” do Congresso Nacional, ou do Senado, melhor dizendo, desta vez? A resposta é que muita gente fica. Por muitas razões, porque não sabe mesmo o que acontece, ou por não saber expressar suas opiniões, ou até por aquela velha máxima que ainda vigora na cultura brasileira, que é o receio de que algo de ruim possa lhe acontecer. Ficar quieto pode também ser a evidência do saber que tudo vai dar em nada. E assim, continua-se a caminhar como sempre, sem ocorrer maiores mudanças. O cheiro de cocô espalha no ar, acontece um “forrobodó”, a imprensa acaba sendo a culpada de se meter onde não é chamada e, ao final, o “status quo” prevalece.

Afinal, a coisa rola mais ou menos assim: como pode um ser qualquer, mortal, expressar sua ideia a respeito de coisas tão profundas que acontecem no País? Um ser qualquer que não tem nome cintilando no gás neon, não é nenhuma celebridade e muito menos notório. E pior, não tem uma considerável BIOGRAFIA! E nem é imortal!

Recorrendo rapidamente ao dicionário, ou o velho PAI DOS BURROS, vemos resumidamente que, “Biografia” é “a descrição da vida de uma pessoa”. Portanto, e usando da lógica, só se pode mesmo é esmiuçar a vida desses “merdinhas” que andam todo o dia pra lá e pra cá, trabalhando e buscando a sobrevivência, enfrentando toda aquela eficácia e conforto da vida cotidiana de nossas cidades, que a imprensa teima em só ver coisas erradas no funcionamento. Esses “bostinhas” sim, têm que levar tinta sem dó nem piedade. Eles talvez tenham que pagar o alto preço da sua “ingenuidade”, da sua credulidade, da sua fé e esperança, para não dizer aqui aquela velha história da falta de educação e cultura, que resulta na falta de visão da vida e de elementos para que possam enxergá-la melhor.

De fato, somos o resultado do que somos mesmo e do que temos sido ao longo de muitos anos, e esses, de biografia medíocre, ainda vão por muito tempo usar o seu voto de confiança e de esperança naqueles de legendária biografia. Naqueles muitos de extenso currículo de carreiras e cargos públicos, que deixam o povo deslumbrado quando abrem suas bocas em velhos e antiquados discursos, muitas vezes mal proferidos no idioma pátrio, mas que prometem, prometem e prometem!

Felizes, então, esses de biografia ímpar, imensa, de vida plena de veneráveis serviços prestados à Pátria amada, que estão acima de tudo, inclusive de qualquer suspeita. Afinal, não são seres reles, comuns. Certamente estão e estarão sempre acima do bem e do mal. E olharão sempre de cima para baixo, esquecidos de quem os paga para ali estarem. Muitos deles até já verbalizam que se “lixam” para esse povinho de biografia rasteira. Esse povinho que sonha com a casa própria, sair, enfim, dos puxadinhos de fundo de quintal, que corre atrás de bolsas e sacolões e que quase baba quando recebe tais benesses.

Caro leitor, convença-se de que “Biografia” não é para qualquer um. Desculpem, mas ser “biografado” é ato pertinente, para aqueles que somente saem da cadeira importante diretamente para o caixão. Biografia pode ser sinônimo de imunidade, coisa para “very important people” que vivem indignadas com coisas “absurdas”, maléficas, que a imprensa inventa ou que algumas pessoas dizem a respeito deles.

Para os que têm aquela biografiazinha chulé, igualzinha no início, meio e fim, só vai restar mesmo a gripe suína. Corrigindo, a NOVA GRIPE. É mais chique, pelo menos. Contraindo-a, o sujeito pode dar ares internacionais à sua tão insignificante biografia.

* MARCOS BAS (meu primo) http://quecoisaessavida.blogspot.com/
Brasília, Distrito Federal, Brasil
brasileiro, jornalista, ex-repórter da Folha de São Paulo, Jornal de Brasília e de assessorias de imprensa de órgãos do Governo Federal.

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